“Quando se começa a perceber que a importância do cuidar é maior do que do curar, é possível proporcionar ao paciente coisas que realmente valham a pena no final da vida”. Assim pode ser definida a essência dos cuidados paliativos, segundo Alini Ponte, geriatra com atuação na área. Em entrevista ao Bahia Notícias, a profissional explicou que, anteriormente, os cuidados paliativos só eram iniciados quando não havia mais esperança de cura para o paciente. No entanto, percebeu-se a necessidade de um trabalho conjunto a partir de marcos das doenças. “O paciente oncológico, por exemplo, precisa desse cuidado a partir do momento em que é diagnosticado um câncer metastático, que não tem mais cura, mas tem tratamento. A gente entra em conjunto com o oncologista. À medida que vão se esgotando as possibilidades terapêuticas de cura, a gente vai ampliando os cuidados paliativos”, afirmou. Com o objetivo de aliviar o sofrimento não só físico, mas também psíquico, social-familiar e espiritual, as ações são realizadas por uma equipe multidisciplinar formada por médico, enfermeiro, assistente social e psicólogo, que também pode ser expandida com profissionais como fonoaudiólogo, nutricionista, terapeuta ocupacional, farmacêutico, odontólogo e um assistente espiritual, chamado de capelão. De acordo com Alini, apesar dos benefícios para os pacientes, os cuidados paliativos são vistos por algumas pessoas de forma estigmatizada. “Existe muito preconceito com relação aos cuidados paliativos, principalmente com o nome. Na nossa cultura, o nome ‘paliativo’ pode remeter a algo inconsistente, que não é muito bem feito, como se fosse só fazer um remendo. No entanto, a palavra ‘paliativo’ vem de ‘palio’, que é um manto usado pelos cavaleiros para se proteger das tempestades. ‘Paliativo’ vem dessa ideia de proteção, aliviando o sofrimento para esse doente”, explicou a geriatra. O atendimento do paciente nesse estágio da vida pode ser realizado em ambulatórios, no hospital ou no próprio domicílio, a depender de sua mobilidade e desejo. Há ainda a mobilidade hospice care, pouco difundido no Brasil e baseado no cuidado integral do paciente, com visão multidimensional do ser humano. Para a profissional, independente da modalidade utilizada, o mais importante é a possibilidade de proporcionar o máximo possível de qualidade de vida com um cuidado individualizado de cada paciente.